Não é de hoje que
percebemos o acontecimento de desastres como deslizamentos de terra, inundações,
alagamentos ou similares, que além de causar perdas materiais, acaba trazendo danos
irreversíveis à vida. O grupo de pesquisa Georisco preocupa-se com as dinâmicas
ambientais, tendo em vista descobrir a melhor forma de a população evitar esses
tipos de tragédias. Porém, um ponto importante a ser destacado é o aspecto
político-social atrelado a estes desastres. Dessa forma, surge uma questão: Os
desastres são causados unicamente por questões naturais, ou será que a
participação humana está enraizada nesses acontecimentos? Por esse motivo, não
devemos limitar o estudo das áreas de risco apenas aos aspectos físicos.
Considerar a participação antrópica na área é de suma importância.
Bem, acredito que a
questão político-social não só está ligada aos desastres, como também é um dos
principais agravantes da situação. Em primeiro lugar vemos a situação econômica
nas quais as pessoas que vivem em situação de risco se encontram: geralmente,
são de baixa renda, com reduzido poder de aquisição, que acabam buscando áreas
com preços acessíveis ou até mesmo as ocupa de maneira ilegal, tomando posse do
local. Em boa parte das vezes quando alguma instituição pública vem interferir
nessa ocupação já é tarde, a população está estabelecida e não tem condições de
ir para outro lugar. A Defesa civil, por exemplo tem como objetivo reduzir a
ocorrência de desastres, dando prioridade à vida. Mas o que fazer com uma
população que insiste em continuar ali por não ter pra onde ir? Sendo assim,
cabe ao poder público providenciar moradias adequadas para a população,
reduzindo assim, a ocupação em áreas de risco.
Um outro ponto a
ser destacado é o fato de não existir medidas preventivas extensivas nessas
áreas. Seria de fundamental importância, a atuação do poder público,
instituições acadêmicas e da população, para juntos buscarem soluções cabíveis
para a problemática dos desastres, que geralmente tem uma sazonalidade
extremamente "cronometrada", sendo possível prever a época em que
esses problemas se intensificam e causam maiores danos. Mesmo com as previsões
de ocorrência de desastres, não observamos medidas preventivas e iniciativas
governamentais que preparem a população residente nas áreas de risco para agir
no perigo. No geral, vemos que a atuação após o ocorrido, com gasto de dinheiro
público muito superior do que o investimento preventivo, é mais visível e
requisitado. Sabemos que o investimento preventivo, sempre atuante sobre a
população, seria melhor aproveitado que medidas paliativas, que possuem custos
mais elevados e nunca sanam o problema em sua maior parte ou totalidade.
O importante é
sabermos que, dentro das dinâmicas físicas ocorridas durante os desastres,
poderíamos reduzir os danos à população se tivéssemos um planejamento urbano de
maior qualidade. Mesmo que uma área tenha uma grande instabilidade, é possível
criar medidas que amenizem os prejuízos ou até mesmo que os evitem, pois esses
fenômenos são naturais mas a ação do homem acaba intensificando o fenômeno,
podendo também podem diminuir sua força, caso medidas corretas de manejo fossem
adotadas.
Texto: Victor Viana
Edição: Edimara Soares
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