sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Fator Antrópico Tem Influência nos Desastres?

 

  Não é de hoje que percebemos o acontecimento de desastres como deslizamentos de terra, inundações, alagamentos ou similares, que além de causar perdas materiais, acaba trazendo danos irreversíveis à vida. O grupo de pesquisa Georisco preocupa-se com as dinâmicas ambientais, tendo em vista descobrir a melhor forma de a população evitar esses tipos de tragédias. Porém, um ponto importante a ser destacado é o aspecto político-social atrelado a estes desastres. Dessa forma, surge uma questão: Os desastres são causados unicamente por questões naturais, ou será que a participação humana está enraizada nesses acontecimentos? Por esse motivo, não devemos limitar o estudo das áreas de risco apenas aos aspectos físicos. Considerar a participação antrópica na área é de suma importância.

  Bem, acredito que a questão político-social não só está ligada aos desastres, como também é um dos principais agravantes da situação. Em primeiro lugar vemos a situação econômica nas quais as pessoas que vivem em situação de risco se encontram: geralmente, são de baixa renda, com reduzido poder de aquisição, que acabam buscando áreas com preços acessíveis ou até mesmo as ocupa de maneira ilegal, tomando posse do local. Em boa parte das vezes quando alguma instituição pública vem interferir nessa ocupação já é tarde, a população está estabelecida e não tem condições de ir para outro lugar. A Defesa civil, por exemplo tem como objetivo reduzir a ocorrência de desastres, dando prioridade à vida. Mas o que fazer com uma população que insiste em continuar ali por não ter pra onde ir? Sendo assim, cabe ao poder público providenciar moradias adequadas para a população, reduzindo assim, a ocupação em áreas de risco.
  Um outro ponto a ser destacado é o fato de não existir medidas preventivas extensivas nessas áreas. Seria de fundamental importância, a atuação do poder público, instituições acadêmicas e da população, para juntos buscarem soluções cabíveis para a problemática dos desastres, que geralmente tem uma sazonalidade extremamente "cronometrada", sendo possível prever a época em que esses problemas se intensificam e causam maiores danos. Mesmo com as previsões de ocorrência de desastres, não observamos medidas preventivas e iniciativas governamentais que preparem a população residente nas áreas de risco para agir no perigo. No geral, vemos que a atuação após o ocorrido, com gasto de dinheiro público muito superior do que o investimento preventivo, é mais visível e requisitado. Sabemos que o investimento preventivo, sempre atuante sobre a população, seria melhor aproveitado que medidas paliativas, que possuem custos mais elevados e nunca sanam o problema em sua maior parte ou totalidade.
  O importante é sabermos que, dentro das dinâmicas físicas ocorridas durante os desastres, poderíamos reduzir os danos à população se tivéssemos um planejamento urbano de maior qualidade. Mesmo que uma área tenha uma grande instabilidade, é possível criar medidas que amenizem os prejuízos ou até mesmo que os evitem, pois esses fenômenos são naturais mas a ação do homem acaba intensificando o fenômeno, podendo também podem diminuir sua força, caso medidas corretas de manejo fossem adotadas.

Texto: Victor Viana
Edição: Edimara Soares

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