terça-feira, 17 de junho de 2014

Fala, GEORISCO!

Ontem, vocês seguidores puderam acompanhar uma amostra da nossa visita ao bairro de Mãe Luiza. Hoje, o blog traz para vocês o depoimento do mestrando e pesquisador do grupo GEORISCO, Leônidas Dutra, que também acompanhou de perto todas as ações que estão sendo realizadas no bairro, após o desastre do último final de semana. Vale a pena conferir!!

"Há aproximadamente 4 anos comecei a estudar sobre áreas de vulnerabilidade socioambientais em Natal e, hoje, infelizmente, pude observar de perto o quanto a nossa cidade está longe de ter governantes capazes de gerenciar uma situação de crise. Depois de passar a tarde pelas ruas do bairro de Mãe Luíza, a constatação de omissão, falta de planejamento, hipocrisia e oportunismo de alguns políticos (um deles Dagô, que veio apertar a minha mão e levou um sonoro NÃO!) é latente. Pior que isso é observar as mentiras postadas constantemente pelo face e página oficial da prefeitura do Natal. Dizer que está tudo sob controle é no mínimo muita cara de pau! Falta água, falta abrigo (pessoas estão instaladas de maneiras precárias em igrejas, academias, etc.), falta comida, falta roupa, falta organização, falta informação, falta respeito com os cidadãos.... 
Ao chegarmos no bairro, observamos vários caminhões carregados de mobília dos moradores, pensamos: prefeitura agindo. Que nada, moradores estavam pagando cerca de R$150,00 de frete. Procuramos alguém que estivesse a frente, organizando o tumulto, encontramos moradores se ajudando, e a pergunta fica: cadê o poder público? Ninguém sabe, ninguém viu. Ou melhor, viu. Viu um prefeito que foi lá, sorriu e SUMIU. Em seguida, fomos à procura dos lugares onde estavam recebendo doações para saber como estava a distribuição dos produtos, novamente fomos atrás do encarregado e encontramos mais moradores se ajudando, o que acabou gerando conflitos, já que alguns recebiam demais, outros de menos e tantos outros nada recebiam. Continuando essa “epopeia”, questionamos a guarda municipal sobre quais eram as ordens, esses responderam: não deixar ninguém passar! Ótimo, uma coisa certa. Em seguida, fizemos a mesma pergunta ao destacamento da polícia militar ambiental, a resposta: estamos protegendo a guarda municipal (alguém tinha ameaçado “meter bala” nela). Daí em diante, as impressões são as piores possíveis, gente que estava saqueando/roubando sendo presa, briga entre os moradores, ninguém para passar uma informação concreta, uma desorganização generalizada. O que ficou de positivo? A força de vontade da Defesa Civil se doando noite e dia sem a estrutura necessária para atender os chamados mais simples e a união de grupos de moradores preocupados com o próximo, inclusive, amanhã irá haver um sopão e estão precisando de verdura e arroz. Se alguém puder doar, me fale que o Grupo GeoRisco – UFRN terá o maior prazer de ir deixar."

Texto: Leônidas Petrúcio Dutra Pedrosa
Edição: Edimara Soares


Um comentário:

  1. É notório de maneira geral o despreparo e desrespeito das autoridades de nosso país ambos não fazem ideia das condições precários qual esta inserida grande parte da população em especial os marginalizados, percebemos isso em nosso dia a dia em especial como você mesmo citou Mãe Luiza onde vemos quase que diariamente nos períodos chuvosos inúmeros desastres ambientais que deixam ainda mais em risco a população residente e mesmo sabendo que terão novos incidentes providencia alguma e tomada, lamentável tal situação.

    ResponderExcluir